Riscos psicossociais: o que são e como impactam o trabalho

Por

Andresa Araújo

Por

Publicado em

15/6/21

Toda empresa em atividade pode desenvolver o potencial de gerar impactos na rotina dos colaboradores, tais como os riscos psicossociais.

Mas os gestores, especialmente os do setor dos Recursos Humanos, têm a possibilidade de intervir por meio da identificação, alívio e prevenção dessas ameaças à saúde socioemocional dos profissionais. 

Acompanhe o texto e descubra algumas dicas para lidar melhor com esse problema.

Neste conteúdo, você encontra:

O que são riscos psicossociais?

De modo geral, riscos psicossociais são os fatores que podem contribuir ou causar estresse e adoecimento mental nos colaboradores.

Certos conceitos como ‘trabalhar com excelência’ e gerar melhorias contínuas, por exemplo, podem estar relacionados ao esgotamento mental dos profissionais. 

De acordo com a OIT, Organização Internacional do Trabalho, o estresse ocupacional pode conduzir a comportamentos danosos, como uso de substâncias psicoativas e consumo abusivo de álcool que, por sua vez, favorecem os distúrbios do sono e o excesso de peso.

Por isso, é relevante que os profissionais de RH tentem mensurar e remediar esses riscos para resguardar a saúde de seus colaboradores.

Quais fatores desencadeiam riscos psicossociais?

As razões que levam à existência de riscos psicossociais em uma empresa, geralmente, podem ser divididas em três categorias:

Ligados à tarefa

São as atividades repetidas, em alto ritmo e volume, como a tarefa de digitar documentos, por exemplo.

Por outro lado, atividades mais complexas, que impõem mais pressão e responsabilidade aos colaboradores também podem ser fatores para os riscos psicossociais. Aqui podemos citar, por exemplo, a expectativa de sucesso nas negociações com clientes importantes. 

Ligados à organização do trabalho

São os aspectos que dizem respeito ao expediente, às horas extras e aos trabalhos nos finais de semana. 

Algumas empresas, por natureza, podem apresentar essas particularidades, como startups ou empresas familiares criadas do zero. Nesses casos, normalmente, existe um contrato social envolvido, ou seja, as pessoas concordam com certos termos, muitas vezes temporários, por seguirem um propósito. 

Mas não é recomendável negligenciar essas circunstâncias, pelo contrário, o aconselhável é redobrar os cuidados, dado o risco de estresse relacionado ao trabalho.

Ligados à estrutura organizacional

Cultura organizacional fragilizada, conflitos interpessoais, competitividade exagerada e falta de recompensas são agentes, relacionados à estrutura da organização, que colocam os funcionários em risco psicossocial. 

Esses elementos podem criar um clima desagradável, que prejudica a eficiência das tarefas e cria uma bola de neve que resulta no acometimento da saúde mental dos colaboradores.

Consequências dos riscos psicossociais para colaboradores

O sociólogo Robert Karasek, em 1998, traçou um modelo teórico chamado Demanda/Controle que analisa como as situações de trabalho associadas às características psicossociais predispõem ao adoecimento das pessoas.

Demanda, segundo o especialista, envolve a quantidade de trabalho, como o nível de concentração exigido, o tempo para a conclusão etc.  Já o controle envolve o quanto o funcionário participa das tomadas de decisão e como ele utiliza suas habilidades, se há aprendizados novos e criativos, por exemplo.

A interação dessas duas dimensões resulta em quatro cenários possíveis:

  • alta exigência: é a demanda alta e o controle baixo, isto é, a situação mais nociva à saúde do trabalhador.
  • trabalho ativo: demanda alta, mas controle também alto, pois ainda permite novas aprendizagens e crescimento do profissional.
  • baixa exigência: quando a demanda é baixa e o controle, elevado. Resulta em um ritmo controlado pelo próprio funcionário.
  • trabalho passivo: baixa demanda e baixo controle, isto é, falta de motivação no trabalho, com pouca aprendizagem e possível perda de habilidades. 

E no que consiste esse adoecimento, provocado por situações de alta exigência?

Redução nas defesas psíquicas

Como o nome sugere, o colaborador se sente mais vulnerável ao sofrimento emocional e desenvolve sentimentos de insegurança, ansiedade, fobias, síndrome de Burnout e depressão.

Transtornos psicofisiológicos

As disfunções emocionais também podem favorecer o surgimento de problemas físicos como infartos, doenças autoimunes, dores crônicas, alergias e gastrites.

Acidentes de trabalho

Tantos problemas, emocionais e físicos, também predispõem aos acidentes de trabalho. 

É difícil seguir desempenhando tarefas quando a mente e o corpo não estão como deveriam estar, não é mesmo? Desatenção e pequenos erros podem levar a acidentes, dos mais simples aos graves.

Alterações comportamentais 

É a repercussão do estresse ocupacional fora do trabalho: em casa e nos relacionamentos com amigos. Em determinados casos, o trabalhador reage à situação com compulsão alimentar, síndrome do pânico e outros.

É possível reduzir os riscos psicossociais no trabalho?

Sim, é possível diminuir os riscos de estresse ocupacional a partir de um diagnóstico situacional e do planejamento de ações efetivas. Veja como fazer:

Diagnóstico

O modelo Demanda/Controle, por si só, já é um instrumento útil para a avaliação situacional. 

Outra opção é o questionário Health Safety Executive - Indicator Tool (HSE-IT), que é composto de perguntas sobre a dificuldade de realização das tarefas diárias, o quanto o funcionário se sente pressionado etc. 

Detalhe: a própria aplicação desses instrumentos já contribui no estímulo aos hábitos saudáveis no trabalho sendo um meio de cuidado.

Você pode também utilizar o famoso Net Promoter Score ou a taxa de absenteísmo e de turnover. A lógica é a mesma: identificar as percepções dos trabalhadores quanto à qualidade da sua rotina de trabalho.

Plano de ação

Depois de coletar e estudar os dados respondidos pelas equipes, é hora de agir e buscar reverter o quadro.

Incrementar os benefícios oferecidos, ou criá-los, é a melhor forma de alcançar esse objetivo. 

Acompanhe alguns que, normalmente, atenuam os riscos psicossociais:

  • sessões de psicoterapia e consultas a especialistas;
  • pausas com ginástica laboral durante o expediente dos colaboradores;
  • terapias alternativas, como Reiki, hipnose e acupuntura.

Adicionalmente, se possível, você pode reavaliar os perfis dos funcionários e remanejá-los entre os setores ou filiais. 

Nessa reavaliação de perfil, também tente verificar a possibilidade de uma promoção por merecimento para quem tem se esforçado e gerado muitos resultados.

Existe uma norma regulamentadora (NR) focada em riscos psicossociais? 

Não existe uma NR específica para esse os riscos psicossociais. 

Em 2020 foi proposto o Projeto de Lei 3.588 que propõe editar uma Norma para que ela gerencie riscos específicos que possam afetar a saúde mental dos trabalhadores. Ela ainda está em tramitação, aguardando um parecer.

Ainda assim, a NR1 e NR7 dispõem dos riscos ocupacionais e da Saúde Ocupacional como um todo, incluindo as questões psicofisiológicas. 

Além disso, a NR17 inclui a aplicação do mapa de risco nos setores, o qual quantifica fatores como controle de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho noturno, jornada de trabalho prolongada e monotonia nas atividades laborais. 

Principais formas de evitar os fatores de risco psicossociais nas empresas

Agora que você já sabe como diagnosticar e como agir para gerenciar os riscos psicossociais na empresa, que tal conhecer 4 dicas que podem evitar que essas ameaças à saúde dos profissionais se concretizem? Dê uma olhada: 

Fique atento ao clima organizacional

O clima organizacional funciona como um termômetro da satisfação dos colaboradores. O déficit na comunicação, na identificação com a empresa, nas políticas de RH, entre outros, fazem parte disso e, como você viu, está diretamente relacionado ao bem-estar no trabalho.

Incentive a cultura de feedbacks

Cultura de feedbacks é sinônimo de diálogo, de expressão. Essas conversas revelam a percepção dos funcionários quanto à sua evolução profissional, se o nível de colaboração entre os colegas está adequado e questões afins.  

Treine a sua equipe

Pode ser difícil, para a maioria das pessoas, reconhecer os próprios sentimentos e ter autoconhecimento. Assim, esses profissionais se beneficiariam de aulas sobre suas habilidades interpessoais e inteligência emocional — o que tem forte papel na prevenção do adoecimento mental

Pensando na relação Demanda/Controle, também cogite treinamentos de criatividade, escrita e oratória e ajude-os a perceberem que estão se desenvolvendo.

Ofereça benefícios de saúde física e mental

Aumentar a satisfação dos colaboradores propondo benefícios de saúde é praticamente infalível. 

Inclusive, a situação econômica do nosso país contribui, em muitos casos, para que um plano de saúde seja um sonho dos trabalhadores.

É por isso que benefícios como plano, incluindo o odontológico, vale-refeição, descontos em academias, cursos livres (como de inteligência emocional), benefícios em farmácias e assim por diante, aumenta o senso de valorização dos funcionários. 

Em relação à saúde mental, há um destaque para os benefícios como o Yoga, que melhora a concentração, e as sessões de meditação, que ajudam a lidar com as emoções. 

Como você pode ver, os riscos psicossociais têm o potencial de causar transtornos mentais e até mesmo acidentes de trabalho. Mas há meios de quantificá-los e reduzi-los, principalmente por meio dos programas de benefícios em saúde, que são muito desejados pelos funcionários, no geral. 

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