Inteligência artificial no processo de recrutamento e seleção

Por

Marcela Ziliotto

Por

Marcela Ziliotto

Publicado em

15/12/21

A inteligência artificial está cada dia mais próxima da rotina de todas as pessoas. O Brasil, aliás, possui um índice de interações diárias (64%) maior do que a média global (54%). 

Mas você sabe o que a IA pode fazer pelo RH? Muito além de bots e predições, essa tecnologia pode transformar diversas tarefas e processos, inclusive o de recrutamento e seleção

Uma pesquisa mostrou que 37% das grandes empresas já adotaram a inteligência artificial na sua rotina diária.

Será que os recrutadores vão perder seus empregos? É possível humanizar os processos que usam inteligência artificial? 

Esse campo do conhecimento, relativamente novo, ainda gera muitas dúvidas entre os profissionais de RH. Por isso, preparamos este artigo com as principais questões relacionadas à sua rotina profissional!

Vamos ver:

O que é inteligência artificial?

A inteligência artificial (IA) é a utilização de redes neurais tecnológicas, algoritmos e outros métodos ligados à tecnologia para simular a inteligência humana. Ou seja, a ideia é fazer uma máquina tomar decisões, semelhante ao seres humanos, mas completamente baseada em dados.

Além da ajuda com a tomada de decisão, esse tipo de inteligência proporciona, aos processos em que está inserida, maior escalabilidade, menor quantidade de erros e redução de custos.

Podemos observar facilmente aplicações com esse diferencial funcionando no nosso dia a dia, como:

  • resultados de pesquisa do Google que seguem o comportamento de navegação dos usuários;
  • programas como ChatGPT, Bard e outros para pesquisa, produção de texto, execução de tarefas, etc.;
  • tecnologia de reconhecimento facial em alguns smartphones;
  • ‘objetos inteligentes’ conectados em rede, como lâmpadas e a assistente virtual Alexa;
  • sistemas antifraude de apps de bancos e lojas virtuais;
  • chatbots para atendimento ao cliente.

Como a IA é aplicada na área de recursos humanos?

Você acabou de ver aplicações da inteligência artificial em vários campos e é claro que o RH não ficaria de fora, não é mesmo?

A verdade é que a IA não é tão recente nessa área. Já faz algum tempo que ela é utilizada — principalmente na triagem de currículos durante o recrutamento. Mas nem todas as empresas já se adaptaram.

Segundo pesquisa do HR Research Institute, em 2019, apenas 10% das organizações fizeram alto uso da IA no período. Parte desse resultado se deve, segundo os respondentes, ao receio de desumanizar os processos de RH com essa tecnologia. 

Já as empresas que usam bastante a inteligência artificial relataram dar preferência por sistemas bem construídos e por profissionais bem treinados, a fim de combater esses pontos negativos.

As previsões do International Data Corporation (IDC) para 2023 é que, mesmo o Brasil sendo o líder latino americano em investimentos sobre IA, ela ainda vai crescer 5% no Brasil e que esse crescimento ficará ainda maior uma vez que a tecnologia 5G chegar aos smartphones brasileiros. 

Ou seja, apesar das limitações, a IA é uma tendência cada vez mais presente no contexto corporativo.

Vamos ver alguns exemplos práticos? 

Retenção de talentos

Por exemplo, vamos supor que você adquiriu um software com inteligência artificial para o cálculo da taxa de turnover

À medida que as pessoas se desligam da empresa, o app vai coletando e processando os dados. Com o tempo, ele passa a predizer que colaboradores têm maior tendência a saírem da organização. 

O que traz o benefício de intervir antes que um talento saia ou de traçar o perfil de pessoas que não se identificam com o trabalho em questão.

E para calcular a taxa de turnover, outras informações podem ser adicionadas. Entre elas, a porcentagem de absenteísmo e produtividade dos colaboradores podem ser bastante importantes para uma análise mais fiel.  

Gestão de benefícios

Mais um cenário aplicável para a IA nos recursos humanos: o uso de chatbots para gestão de benefícios

O candidato pode perguntar ao bot o quanto ele já usou de sessões de terapia online, por exemplo, e o software responde prontamente a partir da base de dados, sem precisar consultar a operadora de saúde. 

Por outro lado, o cálculo dos gastos com plano de saúde também podem ser feitos com base no número de sinistros. 

Isso adianta boa parte do trabalho necessário para a negociação com a operadora em questão ou para iniciar uma conversa mais madura com a corretora de saúde. 

Recrutamento e Seleção

Escolher o candidato que tem mais afinidade com a empresa é o maior objetivo de todo recrutador. 

Mas, na prática, a urgência para o preenchimento da vaga pode prejudicar o processo, aumentando as chances de escolher um candidato não tão adequado para o cargo.

Daí a alta do recrutamento inteligente, processo realizado com softwares de testes de perfil comportamental, inteligência emocional e outras características dos candidatos. 

Entre as ferramentas e aplicações que podem ajudar estão:

  • Crystal: é uma plataforma de gerenciamento de equipes, mas também dispõe de uma funcionalidade que, quando conectada ao LinkedIn, identifica o perfil comportamental provável do usuário e ajuda no recrutamento;
  • Mya: é uma assistente virtual de recrutamento que verifica se o candidato cumpre com os requisitos para o cargo;
  • HireVue: faz a triagem de candidatos por meio de entrevistas de vídeo.

Vale destacar que, do ponto de vista do candidato, também já existem algumas soluções interessantes.

Uma delas é o app Vagas Tech. A partir das informações de localização, salário desejado e perfil profissional, o aplicativo sugere vagas para que as pessoas se candidatem. O que facilita a vida tanto dos profissionais, quanto dos recrutadores.

Além disso, esse mercado também ainda está em desenvolvimento. 

Nos próximos anos, os especialistas esperam o uso de realidade virtual no processo de R&S e criação de pool de talentos de candidatos passivos — aqueles que não estão procurando emprego, mas seriam colaboradores interessantes para a empresa.

Treinamento e desenvolvimento

Além de auxiliar no recrutamento, essas mesmas ferramentas podem ser muito úteis para desenvolver os colaboradores que já estão na empresa.

Analisando as habilidades e os pontos a serem melhorados na atuação profissional de cada um, é possível criar treinamentos mais eficazes. Essas informações ainda também podem ser cruzadas com outras, como: cargo, idade, perfil comportamental, experiência, produtividade e muitas outras. 

Pense numa pessoa que possui um perfil de planejador, ou seja, que prefere uma rotina estável e bem estruturada, e com bastante experiência no cargo. 

É muito provável que ela aproveite melhor um curso cuja ementa e carga horária seja divulgada com antecedência e que seja mais teórico do que prático. 

Isso não será bom apenas para a pessoa treinada; mas, consequentemente, para os resultados do seu setor e da empresa, em geral. 

O ChatGPT no RH

A ferramenta que deixou todo mundo de queixo caído em 2023 também pode ser usada pelo RH para acelerar tarefas e processos.

Ela é muito simples e intuitiva. Para utilizá-la, é só abrir o site e digitar uma pergunta ou comando. As perguntas são mais utilizadas para fins de pesquisa, já com os comandos ela pode realizar algumas ações por você. 

Análise de Dados

A ação “clássica” do chatbot é analisar dados, não é? Então que tal utilizá-la para analisar os dados da sua empresa? 

Informe ao Chat os dados sobre absenteísmo, folha de pagamento, taxa de turnover e todos os outros itens mencionados acima e veja quais insights ele oferece para orientar suas ações. 

Feedback

Se você leu o nosso artigo sobre perfil comportamental sabe que a melhor forma de oferecer feedback muda dependendo da personalidade de cada colaborador. 

O Chat também pode te ajudar com isso! Peça para ele te mostrar exemplos de feedbacks utilizando a comunicação violenta e descreva outras informações importantes sobre a pessoa em questão.

Por exemplo: “Escreva um feedback para um colaborador introvertido da área de vendas cuja performance demonstra certa instabilidade”. 

Clima organizacional

Outra atividade que o programa pode te ajudar a realizar é a pesquisa de clima organizacional. Para isso, reproduza no campo de conversa as respostas recebidas na pesquisa. 

Ele vai te ajudar a mensurar as respostas positivas e negativas em poucos segundos e, além disso, te dar dicas sobre o que precisa ser melhorado.

Se você quiser insights ainda mais profundos, ofereça outras informações ou peça para que ele separe as respostas em categorias específicas. 

Entrevistas no processo de R&S

Já imaginou como seria ter alguém para desenvolver perguntas para entrevistas a candidatos por você? 

Com um simples comando como “Cite perguntas para uma entrevista com um gerente de marketing” você pode obter dezenas de exemplos.

O único ponto de atenção é lembrar que o ChatGPT é uma ferramenta, portanto, sua função é te ajudar e não fazer todo o trabalho por você. É preciso filtrar todas as informações e testá-las na prática. 

Use todo o seu conhecimento e experiência para analisar a qualidade das respostas que ele te oferece. O próprio chat, ao ser iniciado, te avisa que as informações disponibilizadas através dele são coletadas pela internet, ou seja, pode haver erros. 

Mesmo assim, vale a pena testar para que você verifique por si mesmo a potencialidade deste chatbot impressionante. 

Quais as vantagens e as desvantagens da inteligência artificial no R&S?

Agora que você tem um quadro geral de como utilizar a IA no RH, veja só alguns pontos positivos e negativos da abordagem para os processos de recrutamento e seleção.

Vantagens

  • aumento da produtividade;
  • maior precisão, menos vieses e mais consistência ao processo;
  • promoção da imagem da empresa, demonstrando sua capacidade de inovação;
  • mais confidencialidade e proteção dos dados;
  • melhora da transparência no processo de R&S;
  • possibilidade de gamificação do recrutamento & seleção;
  • redução do trabalho burocrático e manual pelos recrutadores;
  • aperfeiçoamento do envio de feedbacks e da comunicação, em geral.

Desvantagens

  • risco da criação de algoritmos com preconceitos que replicam vieses sexistas, racistas, capacitistas da sociedade atual;
  • complexidade na definição de termos, como que critérios formam “boas pessoas colaboradoras”;
  • preferência de alguns candidatos pelo R&S mais pessoal e humano.

A IA vai substituir pessoas de recrutamento?

Algumas pessoas apontam como desvantagem da inteligência artificial, a ameaça à profissão do recrutador.

Felizmente, não é bem assim.

Imagine que uma empresa utilize uma plataforma de IA e ela predissesse, com sucesso, que determinado colaborador iria faltar 8 vezes durante um mês. 

A máquina termina sua função aí, entende? Ela não é capaz — e nem deveria ser — de chamar o colaborador para conversar e resolver o problema. Ela apenas ajuda no rastreamento.

Já o recrutador que, antes analisava manualmente vários currículos, poderá ter a função de entrar em contato com os profissionais que podem estar passando por algum problema pessoal. 

Assim, é possível achar uma solução de forma mais rápida ou, até mesmo, evitar que o problema ocorra. Logo, por mais que pareça contraintuitivo, é assim que a utilização da inteligência artificial no RH ajuda a humanizar a gestão.

A influência da pandemia na aceleração da IA

Durante a pandemia, por exemplo, mais de 86% das empresas adotaram programas de videoconferência, como Zoom e Google Meet, para realizar as entrevistas de recrutamento. 

Porém, muitos candidatos reclamaram que o processo, quando guiado por um robô, é desumanizante e estressante. 

Ou seja: se por um lado os robôs são escolhidos por não terem preconceitos, os candidatos sentem que não conseguem realizar o processo com a naturalidade necessária para o bom desempenho.

A inteligência artificial é realmente neutra?

É importante citar casos como o da Amazon, que interrompeu o uso de um programa desenvolvido pela própria empresa porque ele estava “discriminando” mulheres. 

Isso aconteceu porque o programa foi desenvolvido a partir de dados dos currículos recebidos pela companhia nos últimos 10 anos. E, bom, a maioria desses currículos era de homens. 

Aliás, a disparidade de gênero nos cargos é muito comum em muitas outras empresas da indústria tecnológica, como Microsoft, Apple, Google e Facebook. 

Infelizmente a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres neste setor ainda tem um longo caminho a percorrer

E, enquanto isso não acontece, é preciso cuidado para que a inteligência artificial não prejudique ainda mais parcelas de candidatos. 

Mesmo com tudo isso, existem boas notícias para a integração da IA no RH! Já estamos num momento mais maduro do que há anos atrás. Sabemos que a automatização de processos pode ser muito positiva, mas também que alguns cuidados são necessários. 

Lembra o que dissemos sobre o ChatGPT ser uma ferramenta que apenas auxilia? Nem ele, nem nenhum outro software existente até o momento vai substituir a inteligência humana. 

Inclusive, esse ponto de vista pode ser aplicado para várias profissões que já podem coexistir com a IA, inclusive a medicina. 

O historiador Yuval Harari, na sua obra “21 Lições para o Século 21", prevê que até médicos — os que costumam lidar com burocracias — podem ser ‘substituídos’. 

Enquanto as máquinas poderão cuidar dos diagnósticos e tratamentos mais simples e lógicos, como a prescrição de antibióticos para uma infecção bacteriana, os médicos poderiam se dedicar às pesquisas científicas, buscando novos tratamentos para as doenças.

O fato é que a inteligência artificial no RH veio para ficar. Cuidar de atividades operacionais têm deixado de fazer parte do escopo dos gestores. A proposta mais favorável é deixar essa parte para as máquinas e focar na humanização dos processos ou melhorar o planejamento estratégico deles.

O que você achou de entender mais sobre as possibilidades da IA no recrutamento e seleção? 

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