Guia completo para desenvolver treinamento sobre assédio moral no trabalho

Por

Carolina Lais

Por

Publicado em

18/9/23

Segundo pesquisa do portal Vagas.com, 52%  dos trabalhadores brasileiros já sofreram algum tipo de assédio e 87,5% não denunciaram a situação. 39,4% dos entrevistados disse que não fez a denúncia por medo de perder o emprego.

Diante desse cenário preocupante, desde março de 2023, está em vigor a Lei 14.457/22, que estabelece a obrigatoriedade de treinamentos sobre prevenção de assédio e a criação de canais de denúncia nas empresas de todo o Brasil.

A sua empresa já está em conformidade com essa legislação? Neste artigo vamos explicar como montar um treinamento sobre assédio moral no trabalho e promover um espaço saudável e respeitoso. 

O que é considerado assédio moral no trabalho?

O assédio moral no trabalho acontece quando um colaborador é alvo de situações ofensivas, constrangedoras ou intimidadoras. O objetivo por trás dessas ações é desestabilizar a vítima, prejudicando sua integridade psicológica e afetando negativamente tanto sua vida profissional quanto pessoal. 

Qualquer membro da organização, sejam lideranças ou colegas com funções semelhantes, pode praticar essas ações. Entretanto, para ser considerado assédio, as ações precisam acontecer de forma recorrente

Mas que práticas são essas? Essa questão desperta muitas dúvidas, principalmente porque o assédio moral no trabalho pode se manifestar de diversas formas:

  • comentários negativos, xingamentos e apelidos depreciativos;
  • sobrecarga de demandas e metas abusivas;
  • atribuição de tarefas incompatíveis com as habilidades e os conhecimentos do profissional;
  • negligência e falta de reconhecimento;
  • isolamento social e fofocas.

Tipos de importunação moral no trabalho

Para não ter dúvidas sobre como o assédio moral funciona, é importante conhecer as suas classificações. No ambiente de trabalho, os tipos de assédio moral são caracterizados pela sua abrangência. Veja:

Assédio moral interpessoal

Acontece de forma direta, individual e entre profissionais com funções ou níveis hierárquicos parecidos. Geralmente, o objetivo é prejudicar a relação do colaborador com o restante do time ou estimular a sua demissão. 

Assédio moral institucional

Ocorre quando a empresa incentiva ou é conivente com os assédios. Nesses casos, a justiça pode compreender que a pessoa jurídica também é agressora, por não cumprir o seu papel de promover a saúde e o bem-estar de todos os seus colaboradores.

Assédio moral vertical (ascendente e descendente)

O assédio vertical acontece entre profissionais com níveis hierárquicos diferentes, ou seja, entre a chefia e os subordinados. Ele pode ser tipificado de duas formas:

  • ascendente (da chefia para os subordinados) — quando lideranças se aproveitam da posição de autoridade para constranger os seus subordinados. Exemplo: expor erros de forma vexatória, na frente do restante do time;
  • descendente (dos subordinados para a chefia) — quando integrantes do time agem para humilhar ou prejudicar seus superiores. Exemplo: fazer fofocas sobre o novo gestor na tentativa de boicotá-lo.

Assédio moral horizontal

Como o nome indica, o assédio horizontal ocorre quando profissionais do mesmo nível hierárquico decidem agir de forma inadequada, visando humilhar, constranger ou intimidar seus pares.

Assédio moral misto

É a mistura do assédio vertical e do assédio horizontal. Portanto, acontece quando um profissional é vítima de lideranças e pares. Geralmente, esse tipo de assédio ocorre porque um autor se espelha no comportamento do outro e decide replicá-lo.

Principais consequências do assédio moral

O assédio moral tem consequências negativas para os colaboradores e também para as empresas. Os impactos estão relacionados à  saúde física, psicológica, social e econômica. Confira os principais problemas:

  • impacto na saúde mental das vítimas — é comum que a vítima de assédio moral sinta estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima;
  • baixo desempenho e motivação — ninguém consegue manter bons níveis de motivação e desempenho sofrendo abusos verbais e outros tipos de humilhação constantemente;
  • aumento do absenteísmo e turnover — vítimas de assédio moral no trabalho tendem a faltar mais (até mesmo por conta dos problemas de saúde decorrentes do abuso). Além disso, é natural que saiam em busca de oportunidades de trabalho mais saudáveis;
  • ambiente de trabalho tóxico — o assédio moral não impacta somente as vítimas. Toda a equipe e até mesmo a cultura e o clima da organização são atingidos;
  • riscos financeiros e legais — o ambiente negativo acarreta mais gastos com recrutamento e seleção, mais faltas por problemas de saúde, além de possíveis processos trabalhistas;
  • danos à reputação — o clima de medo e desconfiança não prejudica apenas os relacionamentos internos, mas também tem potencial para afetar a reputação da empresa com a sociedade de modo geral.

Como montar um treinamento de assédio moral no trabalho

A Lei do Combate ao Assédio estabelece obrigatoriedade de treinamentos sobre assédio moral e outros tipos em todas as empresas brasileiras, independentemente do seu porte, pelo menos uma vez por ano. Da menor à maior, as organizações precisam orientar suas equipes, uma vez que o não cumprimento dessas diretrizes pode resultar em punições.

A legislação também mudou a denominação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que agora significa Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio. Essa evolução reflete a crescente atenção dada à questão do assédio e ao ambiente de trabalho saudável.

Agora, vamos apresentar informações importantes para o desenvolvimento de um treinamento eficaz de prevenção e combate ao assédio moral no local de trabalho.

Observe as denúncias de assédio

O treinamento de combate ao assédio moral precisa ser feito com todos os colaboradores, entretanto, é importante compreender quais áreas possuem a maior incidência de casos e quais tipos de assédio moral estão sendo mais cometidos. 

Esse mapeamento, que pode ser feito por meio do canal de denúncia anônima, pode ser útil para direcionar o treinamento e garantir o cumprimento das medidas cabíveis. 

Garanta a qualidade do treinamento

Assim como em qualquer treinamento, é importante que o RH esteja atento para escolher bem os especialistas internos ou externos que darão o curso para os colaboradores. 

Além de ter embasamento para falar sobre como combater o assédio moral, como identificá-lo e o que fazer para denunciar os agressores, é importante que o treinamento tenha uma linguagem adequada e atrativa para o público. Afinal, a ideia é engajar a equipe e chamar a atenção para o assunto.

Vale lembrar que se parte da equipe está em home-office e parte trabalha presencialmente, também é necessário pensar em qual vai ser o melhor formato do treinamento. 

Incorpore o combate ao assédio na cultura da empresa

Mais importante que fazer bons treinamentos contra o assédio moral é que a empresa adote essa postura contra assédio na cultura organizacional. É preciso que os índices de denúncia sejam acompanhados de perto e que cada caso seja analisado e penalizado com rigor.

Medidas de respeito, saúde e bem-estar devem ser promovidas. Se a empresa compreende que a definição de metas abusivas e a competitividade tóxica são gatilhos para o assédio moral, por exemplo, uma forma de combatê-lo na raiz é garantindo uma divisão mais justa das demandas e oferecendo reconhecimento e oportunidades iguais para todos.

Mais do que uma obrigação legal, um ambiente de trabalho saudável é indispensável para manter os colaboradores felizes e engajados — o que interfere diretamente nos resultados da empresa. 

Para isso, é preciso investir em uma série de medidas e o desenvolvimento de treinamento sobre assédio moral é apenas uma parte desse processo (que deve ser contínuo). 

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