Você sabia que em 2019 apenas 10 milhões de pessoas utilizam a plataforma Zoom para fazer videoconferência e, em menos de um ano, esse número saltou para 300 milhões? Esse foi um dos impactos do distanciamento social causado pela pandemia da covid-19.
Você sai de uma reunião e, em seguida, o cansaço, irritação e vontade de interromper a conexão do computador tomam conta. Você pode não saber, mas esses são sintomas da fadiga por videoconferência, ou zoom fatigue.
Com as mudanças do ambiente de trabalho relacionadas a pandemia, temos mudado boa parte de nossa vida pessoal e profissional para o mundo online, tornando as videoconferências uma parte integral das nossas rotinas.
A adoção de novas tecnologias geralmente traz algumas dificuldades e este novo cenário não é exceção. Assim como "dar um google" virou sinônimo de fazer uma pesquisa online, o termo "fazer um zoom" virou referência quando o assunto é videoconferência.
Mas afinal, por que uma chamada por vídeo deixa o nosso time mais cansado do que quando realizamos uma reunião presencial?
Neste artigo, você verá:
- O que é fadiga por videoconferência ou zoom fatigue?
- Diferença entre burnout e zoom fatigue
- O que o RH pode fazer para minimizar a fadiga por reuniões online
- 5 dicas para evitar o cansaço mental no trabalho
O que é fadiga por videoconferência ou zoom fatigue?
Em linhas gerais, zoom fatigue é o cansaço causado pelo excessivo número de reuniões online por videoconferência.
Esse termo é novo e vem sendo debatido com maior frequência desde 2020, quando a pandemia da Covid-19 modificou a forma como as empresas trabalham. Do presencial para o 100% online.
Acontece que embora pareça que as coisas estão acontecendo em tempo real, na verdade existe um leve atraso entre o momento que uma pessoa faz uma ação até os outros participantes conseguirem observá-la.
De forma subconsciente, nosso cérebro percebe este atraso e tenta trabalhar mais pesado para ajustar e tentar restaurar a sincronia. Ou seja, existe um elemento importante de estafa mental associado a este tipo de comunicação.
Podemos citar também outros fatores, como:
Quantidade excessiva de contato visual próximo
Em uma reunião presencial, não encaramos as pessoas o tempo todo, nosso olhar desvia para outros pontos na sala, paramos de olhar para tomar notas ou para olhar para outras pessoas, mas em uma videoconferência todos estão se olhando o tempo todo!
Ou seja, mesmo que você não fale nada a reunião toda, você será encarado de perto durante um longo período de tempo, causando uma hiperestimulação visual, levando a cansaço e irritação;
Sensação de invasão de espaço
A presença de um rosto ampliado bem na nossa frente pode causar uma sensação de "invasão de espaço" e nosso cérebro registra isso como uma ameaça, servindo de gatilho para o nosso instinto de luta ou fuga.
Embora nós sabemos que não sofremos perigo, de forma subconsciente, o contato próximo prolongado é interpretado pelo nosso cérebro como algo perigoso, liberando diversos hormônios relacionados ao estresse;
Falta de linguagem corporal
Muitas vezes confiamos apenas à comunicação verbal para entender o que a outra pessoa quer dizer. Dessa forma temos dificuldade em saber se ainda temos a atenção da pessoa ou se o que dissemos foi entendido do outro lado;
Mobilidade prejudicada
A sensação de estar preso ao ângulo de visão da câmera também é um fator importante. Ao contrário de uma reunião normal, em que mudamos de posição, levantamos para escrever em um quadro ou pegar algo, na videoconferência temos que respeitar um espaço limitado;
Auto-avaliação constante
Como estamos, o tempo todo, encarando imagens de nós mesmos no vídeo, é como se na vida real alguém estivesse te seguindo com um espelho e a cada momento ou interação com os outros você está reavaliando seu reflexo. Isso é muito estressante!
Diferença entre burnout e zoom fatigue
É importante entender que burnout e fadiga por videoconferência não são a mesma coisa!
A síndrome do burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico, resultado de um acúmulo excessivo de estresse e tensão emocional no trabalho. Infelizmente, é uma condição muito comum em profissionais com trabalhos sob pressão constante.
Já a fadiga por videoconferência é um estado de cansaço mental ocasionado pelo uso excessivo de vídeo nas reuniões online de trabalho. Diferente do burnout, ela não esgota mentalmente o colaborador, mas sim reduz a sua produtividade e capacidade de concentração.
No entanto, é preciso observar para que esse estado de cansaço não evolua para um esgotamento total, o que pode acontecer se não for cuidado. Por isso, é muito importante que a empresa tenha uma política interna que se preocupe com o bem-estar dos funcionários, principalmente no trabalho remoto.
O que o RH pode fazer para minimizar a fadiga por videoconferência?
Existem formas de usar as videoconferências de forma mais prazerosa e diminuir a fadiga associada e cabe ao RH e ao time de pessoas identificar e propor ações focadas no bem-estar dos colaboradores.
Para evitar a fadiga, o mais importante é limitar o tempo de uso de videoconferências. Recomendamos também:
- Intercalar as reuniões com intervalos sem interação;
- Evitar reuniões gerais de time com mais de 45 minutos de duração;
- Sugerir aos participantes que todos desliguem as suas câmeras e microfones quando não estiverem falando para evitar a distração e o excesso de estímulos;
- Sugerir que os colaboradores evitem sequências de reuniões por vídeo, substituindo, quando possível, por chamadas de áudio, especialmente em reuniões com 2 pessoas sem compartilhamento de documentos ou apresentações;
- Incentivar os períodos de foco - períodos sem reuniões por vídeo ou distrações;
- Orientar que evitem atividades paralelas, ficando totalmente engajados;
Tornar a chamada de áudio como padrão para as reuniões, ou até usar o telefone como padrão de comunicação entre 2 pessoas pode ajudar a liberar o corpo do campo de visão da câmera e permitir uma movimentação mais livre, reduzindo o estresse e contato visual contínuo.
Sendo assim, um cronograma de trabalho remoto deve seguir o seguinte padrão:
Reunião entre 2 pessoas, sem compartilhamento de documento: sem vídeo
Reunião entre 2 pessoas, com compartilhamento de documento: vídeo do expositor durante o compartilhamento
Reunião com mais de 2 pessoas: Vídeo do interlocutor ou coordenador da reunião. Outros vídeos só devem ser ativados mediante necessidade.
5 dicas para evitar o cansaço mental nas reuniões online
Além disso, existem algumas ações que você pode tomar para evitar o cansaço mental nas reuniões com videoconferência. São elas:
Tire a vídeo chamada da tela cheia
Reduza a janela do navegador ou plataforma ao com o objetivo de diminuir o tamanho do rosto dos participantes. Dessa forma, o seu cérebro consegue processar outras informações.
Não entre na reunião com a câmera ligada
Mude a configuração padrão da plataforma de videoconferência para não mostrar o seu rosto sempre que entrar em uma reunião.
Se necessário, reserve um momento para ver se está dentro do campo de visão da câmera e logo em seguida volte a desativar a câmera;
Posicione a câmera longe do seu rosto
Ao posicionar a câmera mais afastada do seu rosto, você cria um campo de visão da câmera mais ampliado e possibilita maior movimentação.
Evite acompanhar o bate-papo ao mesmo tempo
Outra dica é evitar acompanhar o bate-papo da chamada de forma frequente ou enquanto estiver falando. Afinal, dessa forma o seu cérebro continuará a processar muitos estímulos.
Faça intervalos para se exercitar
Além disso, tire uma alguns intervalos de câmera desligada para poder levantar e mover-se pelo ambiente, o que ajuda a quebrar o intenso ciclo de comunicação não verbal, aumenta sua concentração e melhora o seu fluxo sanguíneo pelo corpo, diminuindo o cansaço relacionado à videoconferência.
Conclusão
Se você chegou até aqui, você provavelmente entendeu que a fadiga por videoconferência é um mal silencioso e que afeta a produtividade e concentração do seu time.
Esperamos que depois de ler este material a sua empresa possa tomar medidas e promover ações para melhorar a experiência com o trabalho remoto dos seus colaboradores e, acima de tudo, cuidar da saúde mental deles.
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