O salário emocional como melhora do trabalho emocional e clima organizacional da empresa

Por

Carolina Motta

Por

Publicado em

11/1/23

Será que basta oferecer bons salários para atrair bons profissionais? Essa mentalidade já não faz sentido há algum tempo. Mais do que nunca, o jogo virou.  Agora são os profissionais que escolhem onde querem trabalhar

Por isso, o salário emocional veio para ficar. As novas gerações só se permitem atuar em lugares com um ótimo clima organizacional. Millennials e gerações ainda mais novas valorizam muito a sua saúde mental e sabem, desde cedo, quais as consequências de não priorizá-la. 

Veja como a sua empresa pode se preparar para oferecer um ambiente que seja atrativo para novos talentos e para que os atuais colaboradores queiram continuar onde estão. 

Neste artigo você vai saber:  

O que é salário emocional?

O salário emocional não envolve o pagamento de qualquer quantia em dinheiro ao colaborador. 

Ao contrário disso, ele se trata de uma série de medidas implementadas pela empresa cujo foco é melhorar o clima organizacional, contribuindo assim para a qualidade de vida de todos. 

Uma experiência muito comum entre trabalhadores é atuar numa empresa que remunera muito bem seus funcionários, mas que tem um ambiente muito desgastante. Algo que gera baixa motivação e uma série de problemas decorrentes.

E é exatamente isso o que o salário emocional visa evitar. O objetivo é manter os funcionários animados e satisfeitos com o trabalho. 

Mas agora que você já entendeu o conceito, veja algumas ações que podem ser realizadas:

  • Home office
  • Espaços de lazer na empresa
  • Apoio para creches 
  • Flexibilidade de horários
  • Cursos e treinamentos
  • Day off no aniversário e outras ocasiões
  • Ações para o cuidado com a saúde física e mental

Os 10 fatores do salário emocional

Um dos principais objetivos do salário emocional para os colaboradores é melhorar a sua experiência profissional. 

Isso se reflete em diversas vantagens que abordaremos nos itens abaixo, mas antes é importante que você saiba exatamente como defini-lo. 

Observar os dez fatores a seguir pode te ajudar a compreender ainda melhor esse conceito e desenvolver o salário emocional que faça mais sentido para os funcionários da sua empresa. 

  1. Autonomia: conseguir desenvolver os projetos no próprio ritmo e a partir da configuração que melhor funciona para cada um
  2. Pertencimento: sentir que a empresa é uma comunidade que valoriza considera o colaborador um dos seus
  3. Criatividade: desenvolver seu trabalho com autenticidade, promovendo uma marca no mundo que é individual
  4. Direcionamento: construir um plano de carreira sólido com metas a curto, médio e longo prazo
  5. Satisfação: ter momentos prazerosos e se divertir enquanto trabalha
  6. Proficiência: reconhecer o valor pessoal quando faz um trabalho bem feito e satisfatório 
  7. Inspiração: ter momentos que possibilitem a inspiração e abram os olhos para um novo caminho a ser trilhado
  8. Crescimento pessoal: enfrentar desafios que aparecem no trabalho e evoluir como pessoa a partir deles
  9. Crescimento profissional: desenvolver habilidades e talentos para a transformação constante num profissional melhor
  10. Propósito: acreditar que o trabalho desempenhado não serve só para si mesmo, mas é importante para as pessoas à sua volta e à sociedade de uma maneira geral

Millennials e a remuneração emocional

Os millennials têm tudo a ver com o aparecimento do salário emocional. Sem eles, talvez esse conceito nem teria se cristalizado. 

A geração de pessoas nascidas entre 1981 e 1995 são os colaboradores que hoje têm de 27 a 41 anos de idade. E, segundo a pirâmide etária do IBGE, é exatamente essa a faixa etária com mais pessoas em idade economicamente ativa. Ou seja, eles compõem o maior número de profissionais do mercado

Além disso, foi  a partir da também chamada de geração Y que uma preocupação maior com a saúde mental e os ganhos emocionais tornaram-se um fator determinante. 

Essa é a primeira geração que começou a usar a internet desde a infância, algo que gerou um grande impacto no seu modo de ver a vida. Somadas a esse contexto estão outras mudanças sociais e culturais - como a globalização e as crises financeiras dos anos 90/2000.

Enquanto as gerações anteriores conseguiam bons empregos só com o ensino superior e ficavam durante longos períodos ocupando a mesma função, os millennials estão constantemente se aperfeiçoando

Eles querem estar sempre evoluindo e, para isso, tem uma mente muito mais aberta para a mudança de emprego, de função e até de profissão. São os mais adeptos ao home office, por exemplo, e os que mais procuram por empresas inovadoras e inclusivas. 

Resumidamente: para os colaboradores dessa geração, poder ter uma experiência profissional rica é tão importante quanto a recompensa financeira pelo seu trabalho. Ou até mais importante. 

A importância do salário emocional para as empresas

Bom, você já entendeu que os millennials são inquietos por natureza, não é? Assim, um dos principais desafios do RH vai ser a retenção de talentos.

Segundo uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, metade dos brasileiros estão considerando mudar de emprego em 2022

Um dos principais valores apontados por esse motivo é a “síndrome do impostor”, o que significa que os trabalhadores não estão se sentindo seguros ao desempenhar suas funções.

E não é mais dinheiro que vai resolver isso. Veja então que o salário emocional é uma poderosa ferramenta para que o turnover da empresa diminua. Aposte em pesquisa de clima organizacional, treinamento das lideranças e planos de carreira para os colaboradores. 

Tudo isso, além de ajudar na retenção, também resulta no aumento do engajamento e da produtividade no trabalho e, ao mesmo tempo, na diminuição de presenteísmo e absenteísmo. 

A importância do salário emocional para os empregados

De maneira geral, o principal benefício do salário emocional para os colaboradores da empresa é promover qualidade de vida e saúde mental. Num contexto em que os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais estão aumentando, é fundamental planejar ações para que essa tendência recue. Mas não só. 

Prevenir níveis de estresse e ansiedade muito altos também precisa ser uma prioridade, já que isso afeta tanto a saúde mental dos colaboradores quanto a sua performance. 

Realizar mudanças na cultura organizacional, escolher benefícios de saúde melhores e muitas outras práticas focadas no bem-estar dos colaboradores tendem a melhorar muito o quadro. 

Outro problema levantado pelos empregados é a falta de equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional. 

Nesse sentido, possibilitar uma gestão do tempo melhor com flexibilidade de horários e uma divisão de tarefas eficiente para que nenhum colaborador seja sobrecarregado são alternativas importantes. 

Treinamentos, cursos e especializações, como já dissemos, também são essenciais para o crescimento pessoal e profissional - a prioridade de 37% dos brasileiros segundo a Exame Academy

Além dessas questões, integrar o trabalho realizado com um senso de comunidade pode ser extremamente benéfico. Seja estabelecendo conexões mais próximas com os clientes ou incentivando um relacionamento melhor entre os colaboradores e seus líderes. 

Cuidados e desafios ao adotar o salário emocional

Com todas essas vantagens, é de se imaginar que você queira começar a aplicar logo essa ferramenta na empresa. Mas, antes disso, precisamos falar sobre alguns cuidados para que todas essas práticas de apoio emocional surtam o efeito esperado. 

Não substitui o salário econômico

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o investimento feito para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos funcionários não pode afetar o pagamento que eles já recebem. Nem gerar decréscimo nos aumentos futuros. 

Afinal, uma ação como essa só deixaria todos ainda mais estressados - a finalidade oposta  a do salário emocional. 

Precisa ser esclarecido entre todos

O salário emocional é um investimento e, como tal, é preciso que ele seja pensado de maneira estratégica. Só assim ele era benéfico tanto para os colaboradores quanto para a empresa. 

Por isso, os motivos da implementação devem ficar muito claros. Além disso, sem conseguir visualizar o seu real propósito o engajamento não acontece. 

Deve ser pensado para os colaboradores da empresa

É possível criar diversos tipos de salário emocional. O foco dele depende dos funcionários de cada organização. 

Lembra dos 10 fatores que citamos anteriormente? Para algumas equipes, a autonomia e a proficiência podem ser mais importantes. Para outras, a satisfação e o propósito podem sair na frente. 

Não pode competir com o desenvolvimento profissional

Assim como o salário emocional não deve travar a remuneração, ele não deve bloquear os investimentos feitos em capacitações e desenvolvimento de habilidades necessárias aos cargos dos colaboradores. Por fim, ele também precisa ser realmente implementado e não só usado como discurso para um melhor posicionamento da empresa no mercado. Afinal, atrair talentos sem retê-los não é uma estratégia eficaz. Especialmente a longo prazo. 

Implementando o salário emocional

Que tal começarmos a colocar em prática esse projeto? Para que tudo saia da melhor forma possível, é preciso se atentar a algumas questões:

Engaje sua liderança

A regra é clara: ninguém fica de fora! As lideranças têm um papel fundamental nesse processo. É a partir delas que as bases para o salário emocional são criadas. 

O primeiro passo é certificar-se de que a empresa possui um bom clima organizacional. Se isso ainda não é uma realidade, é melhor realizar ações para transformar o ambiente de trabalho num que seja agradável para todos. 

Em seguida, os líderes precisam dar o exemplo e guiar os colaboradores na implementação do salário emocional. Até porque não faz sentido esperar engajamento das equipes se os responsáveis por elas não fazem isso. 

Não faça distinções entre os profissionais

Também não adianta implementar o salário emocional só para uma parte dos funcionários. É preciso que todos sejam incluídos nessa transformação. Caso isso não seja feito, uma série de conflitos relacionais podem ser criados e a empresa perde até o que já estava bom. 

Tenha objetivos comuns entre as áreas

Quando todos os segmentos da empresa atuam em conjunto, a chance de sucesso é muito maior. 

O fato dos líderes conversarem entre si e criarem estratégias de atuação pensando na empresa como um todo melhora ainda mais o clima organizacional, além de deixar claro quais são as oportunidades de crescimento.

Mapeie o perfil dos colaboradores

Como já mencionamos, é preciso conhecer os colaboradores da empresa de maneira mais profunda. Só assim o salário emocional será realmente útil e causará um impacto positivo. 

Treinamentos periódicos

Comece oferecendo treinamentos para que todos entendam exatamente o que é o salário emocional. 

Esse alinhamento precisa acontecer antes da implementação, mas também continuar ocorrendo com alguma frequência, já que o time de colaboradores vai se transformando ao longo do tempo. 

A relação com a cultura organizacional

Já falamos dos benefícios que o salário emocional oferece ao clima organizacional, mas também é importante ressaltar a importância da cultura da empresa em todo esse processo. 

A lista de prioridades é cultura organizacional > clima organizacional > salário emocional.

A cultura organizacional de uma empresa dita as regras para que a convivência, ritmo de trabalho, distribuição de tarefas e tantos outros fatores aconteçam de maneira saudável. Sem gerar impactos negativos na saúde física e mental dos colaboradores e, consequentemente, sem comprometer a sua organização interna. 

A implementação do salário emocional num ambiente que não tem seu propósito definido acaba sendo muito mais um "tapa buraco". Não funciona a longo prazo e, dependendo dos desafios da empresa, pode ser mais difícil colher bons resultados. 

Porém, uma vez que todas essas ações forem realizadas, a chance de sucesso se torna muito alta. Em decorrência desses esforços, a transformação pela qual a empresa pode passar significará um salto de crescimento muito grande. 

A relação do salário emocional e trabalho emocional

Quem nunca teve que respirar fundo diante de um conflito no trabalho e responder com um sorriso no rosto? O trabalho emocional faz parte da nossa rotina profissional, mas muitas vezes ele não é visto como… trabalho. 

Ele também não consta na lista de tarefas dos colaboradores, mas pode significar uma carga muito pesada de esforço para corresponder a todas as expectativas de líderes, colegas e da empresa em geral. 

Não por acaso as soft skills têm ganhado tanto destaque. No Brasil, a habilidade comportamental mais exigida pelas empresas (48%) é a inteligência emocional. Exatamente a que precisa ser usada no trabalho emocional. 

Em alguns cargos, ele pode ser até mais importante do que as habilidades intelectuais ou técnicas. 

Assim, o salário emocional é justamente a “remuneração” por esta forma de trabalho

Já imaginou como seria um clima organizacional sem inteligência e trabalho emocional? Sua importância fica bem clara quando fazemos essa correlação. 

Marisa Elizundia, especialista em RH e criadora do Barômetro do Salário Emocional, oferece uma reflexão precisa: 

"Nós investimos um terço de nossas vidas no trabalho e não podemos pensar nisso apenas em termos econômicos. Sim, você trabalha por dinheiro, mas se tirar a parte econômica, o que você tira disso? Por que você trabalha?"

Afinal de contas, é preciso oferecer algo em troca se a ideia é que cada colaborador se empenhe na sua função, exercendo uma boa dose de trabalho emocional e preocupando-se com a empresa como um todo. 

Os impactos do trabalho emocional nas mulheres

Demorar meia hora escrevendo um e-mail para não soar grosseira quando você está sendo simplesmente assertiva, ajudar a organizar as festas da empresa, responsabilizar-se por uma carga de trabalho maior para ficar “no mesmo nível” do que os colegas homens. 

Tudo isso são formas de trabalho emocional desempenhadas pelas mulheres. Infelizmente, essa carga ainda é muito maior do que a se espera de colaboradores do sexo masculino. Afinal, ele não se restringe só ao ambiente de trabalho.

Até pouco tempo atrás vivíamos numa sociedade em que os homens trabalhavam fora de casa e as mulheres, dentro. Mas, além de se responsabilizar pelas tarefas domésticas, também sobrava para elas todo o trabalho emocional ao cuidar dos filhos, dos pais idosos e, muitas vezes, até dos seus companheiros.

Essa mentalidade acompanhou as mulheres quando elas começaram a entrar no mercado de trabalho. Durante muito tempo, elas ocupavam as funções de secretárias e assistentes pessoais. 

Por isso ainda vemos que as posições de liderança são ocupadas principalmente por homens. Essa realidade, reproduzida durante séculos, não é facilmente desconstruída. 

Dessa forma, é ainda mais importante que o RH e as lideranças tenham um olhar atento para não nutrir expectativas de trabalho emocional maior em relação às mulheres. Simplesmente porque “sempre foi assim”. 

Reconhecer a importância desse trabalho é uma forma de tirá-lo da invisibilidade e alinhar as expectativas para que elas sejam iguais para todos os colaboradores, independente do gênero, raça, idade, ausência ou não de deficiências, etc.  

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