A importância das mulheres na liderança e exemplos a serem seguidos

Por

Camila Lacerda

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Camila Lacerda

Publicado em

8/3/23

As mulheres são mais escolarizadas do que os homens, mas ainda são minoria nas empresas. E é ainda mais raro vermos mulheres na liderança.

Atualmente, elas representam 38% dos líderes brasileiros. Mas, mesmo que ainda sejam minoria, é importante saber que esse número subiu rapidamente. Em 2019 nós representávamos apenas 25% dos cargos de liderança. Ou seja, existe um movimento de ascensão acelerada.

Outra boa notícia é que existe pelo menos uma líder em 93% das empresas brasileiras. Além disso, a liderança feminina representa um aumento de 48% na força operacional e 70% no faturamento das empresas, segundo o relatório McKinsey Study.  

Mesmo com alguns dados animadores, existem muitos desafios para mulheres alcançarem esses cargos. E, quando alcançam, ainda precisam lidar com diversas questões que não afetam os colegas homens no dia a dia. 

Neste artigo, vamos te mostrar porque é importante apoiar a liderança feminina e como fazer isso!

Histórico de desigualdade de gênero nos cargos de liderança

Para entender o motivo pelo qual sempre houveram mais líderes homens do que mulheres, precisamos lembrar que o universo corporativo está inserido na sociedade em que vivemos e, por isso, também carrega as mesmas questões sociais que existem fora do ambiente de trabalho.

No Brasil, por exemplo, foi só em 1934 que as mulheres conquistaram o direito ao voto e só em 1977, há menos de 50 anos, que puderam se divorciar. Foi também durante os anos 70 que elas começaram a ter uma maior participação no mercado de trabalho.

Os cargos mais comuns eram professora, costureira e funcionária do comércio. Perceba que, com exceção da última, eram profissões ligadas à vida doméstica. 

Isso é importante, já que nos permite visualizar o conflito entre as necessidades econômicas que as fizeram procurar empregos fora de casa e, de outro lado, a moralidade conservadora que ainda as colocava em “profissões de mulher”. 

Hoje em dia, a presença das mulheres no mercado de trabalho ainda é 20% menor. Essa presença inferior também se repete nos indicadores mundiais e se acentuou durante a pandemia

Um dos grandes motivos para isso é que quase sempre o cuidado com os filhos fica sob a responsabilidade das mães e, com as escolas fechadas, a dificuldade de conciliar trabalho e maternidade - que já era alta - se tornou muito maior. 

Mas, mesmo quando elas ocupam os mesmos cargos que homens, seu salário é inferior. Segundo o Gender Gap Report de 2021, o salário das mulheres era 20% menor em 2017 e diminuiu ainda mais na pandemia, chegando a um índice 22% mais baixo.

Esse quadro não é diferente quando pensamos em mulheres na liderança. Aliás, eu diria que lutar por mais mulheres na liderança de empresas é o próximo passo. 

Apesar de 93% das empresas brasileiras terem lideranças femininas, nós ainda ocupamos menos cargos do que homens e muitas estão mais propensas a desistir diante das micro agressões sofridas cotidianamente. 

A importância da liderança feminina

Incentivar a atuação de mulheres na liderança é muito importante sob diversos aspectos: social, organizacional, financeiro, etc. 

Como foi dito na introdução, empresas com mulheres na liderança lucram mais. Elas têm uma chance 14% maior de superarem a concorrência. Isso já é um grande motivo para apostar na diversidade de gênero

Além disso, a representatividade feminina incentiva colaboradoras que também almejam serem líderes no futuro. Aliás, não só mulheres. Ver pessoas que não são homens brancos nessas posições pode inspirar também pessoas negras, indígenas, com deficiência, etc.

Mulheres C-level também já geraram aumento no PIB de diversos países. Ou seja, elas não geram mais riqueza só para as empresas, mas também fazem isso em âmbito nacional. E essa influência positiva na economia gera vantagens para todo o mercado. 

É importante considerar que lideranças femininas também são conquistas sociais. Conquistas da luta de mulheres, que são as responsáveis por 45% dos lares brasileiros segundo o IPEA. O avanço fica claro quando observamos que em 1995 elas eram apenas 25%. 

Diferenciais que as mulheres podem ter na liderança

Antes de falar sobre quais vantagens específicas as mulheres trazem para a liderança de equipes, é importante lembrar que, mesmo possuindo coisas em comum, elas são muito diferentes umas das outras.

Assim, não se deve esperar que só por ser mulher, a líder será mais sensível, vai cuidar mais dos colaboradores ou até mesmo vai desempenhar mais atividades relacionadas ao bem-estar. Expectativas como essa são muito comuns, mas só aumentam o desafio da liderança feminina e as fazem desistir do emprego mais facilmente.  

Elas podem ser mais gentis ou mais assertivas, mais calmas ou mais enérgicas, ter um estilo de liderança mais horizontal ou mais vertical. Se os líderes homens não são todos iguais, por que esperar isso das mulheres?

Seu desempenho não tem a ver com “características biológicas” e sim com suas escolhas diante dos papéis sociais destinados às mulheres e desempenhados ao longo da vida. 

Contudo, é comum que elas tenham um leque de comportamentos que beneficiam as equipes e a empresa como um todo:

Mais persistência

Equilibrar vida pessoal e trabalho nunca foi fácil para mulheres. Atravessar a dupla ou tripla jornada de trabalho é algo que testa sua capacidade todos os dias. Para fazer isso é preciso muita criatividade, mas também muita garra e força de vontade. 

Como diz a autora Hannah Gatsby: “Não há nada mais forte do que uma mulher que se reconstruiu”. 

A energia empregada em mirar seus objetivos, motivar sua equipe e não parar até que os melhores resultados tenham sido atingidos é um diferencial e tanto. Não por acaso, vários dados mostram que as empresas têm um desempenho ainda melhor quando apostam na liderança feminina. 

Melhor relacionamento com a equipe

Enquanto homens foram ensinados a comandar e, por isso, podem ter uma liderança mais impositiva; mulheres foram educadas a olhar para as necessidades do outro antes das suas próprias. 

Assim, é possível que elas tenham uma liderança mais empática, que realmente considera as questões trazidas pelos colaboradores. Ou seja, um relacionamento interpessoal melhor, com menos atritos.

Entre os vários exemplos que podemos citar, a tendência a dar feedbacks de uma maneira mais saudável, assim como recebê-los. 

Bom desempenho multitarefa

Quem consegue trabalhar, cuidar da casa e dos filhos já sabe muito bem resolver várias questões ao mesmo tempo. Embora não seja o ideal, nós sabemos que líderes precisam ter essa habilidade muito bem desenvolvida. 

Num mesmo dia, diversas questões com urgências diferentes aparecem e precisam de uma resolução sem demora. Ou, no mínimo, um encaminhamento do que será feito.

Nesse sentido, mulheres podem ser excelentes gestoras! Justamente por ter que equilibrar vários pratinhos de uma vez só, elas desenvolveram um pensamento estratégico, com uma perspectiva mais ampliada e que ajuda toda a empresa a chegar mais longe.  

Tendência à cooperação

Por saberem lidar com várias demandas simultaneamente, elas desenvolveram outra excelente habilidade: aprender a delegar. 

Isso não significa que algumas lideranças femininas não serão mais centralizadoras, mas é muito comum que elas tenham mais consciência do que realmente conseguem fazer e, assim, saibam muito bem dividir as tarefas com a equipe. 

Desafios das mulheres na liderança

Mesmo nas empresas mais inclusivas e com melhor clima organizacional, existem desafios a serem enfrentados pelas mulheres. Na liderança feminina, eles podem mudar um pouco, mas certamente não diminuem.

Preconceito

Disse anteriormente que talvez o próximo desafio para mulheres no mercado de trabalho esteja na liderança. Isso porque apesar delas já terem se integrado totalmente ao mercado de trabalho, a visão das pessoas pode mudar quando elas ocupam cargos de líderes.

Essa mentalidade não vem só de colegas que também são líderes, mas também dos seus gestores e dos liderados. Algo parecido com mulheres que ganham mais do que seus companheiros ou que gerenciam a casa. 

Popularmente, ainda existe a ideia de que são os homens que devem ficar em posições de destaque e que eles têm “naturalmente” uma relação maior com cargos de poder. 

Estilos de liderança

Você já sabe que mulheres possuem personalidades diferentes e, assim, exercem diferentes tipos de liderança. 

Mas, as pessoas ainda esperam que mulheres sejam mais gentis, procurem agradar a todos e exerçam diversas atividades que não estão na descrição do seu cargo.

Por isso, é possível que haja um estranhamento das equipes e dos colegas quando uma liderança feminina é mais assertiva e enérgica. 

Um homem com a mesma postura só está desempenhando seu papel, mas quando isso vem de uma mulher ela já é vista como grossa, insensível, entre muitos outros adjetivos negativos. 

Cobrança por demandas familiares

Todos, independente do gênero, possuem uma vida fora do ambiente de trabalho. Ter que se ausentar ou atender um telefone numa situação de urgência é comum, mas quando falamos de mulheres na liderança, a reação imediata é a desconfiança. 

Na maior parte das vezes, isso não é verbalizado. Pelo menos no começo. Mas as perguntas que normalmente aparecem nesse contexto são:

“Será que ela realmente consegue ficar longe dos filhos?”

“Será que ela tem capacidade de se concentrar no trabalho sem deixar que a sua vida pessoal atrapalhe todos nós?”

Ao mesmo tempo, esse é um problema sistêmico porque normalmente o cuidado com os filhos e com os pais, quando já estão idosos ou com algum problema de saúde, é visto como responsabilidade social feminina. 

Uma maneira simples de resolver todas essas questões é aumentar a flexibilidade de horário ou de modelo de trabalho (home office/presencial). A tendência é que, com mais liberdade, elas consigam se dedicar mais ao trabalho e também aumentem seu engajamento. 

Síndrome da Impostora

Com tantas micro agressões, é comum que as mulheres sintam que não podem errar. As críticas e desaprovações constantes fazem com que elas duvidem das suas capacidades, mesmo que elas saibam que são ótimas líderes. 

Desta forma, cabe às empresas apoiarem as mulheres na liderança. 

Como as empresas podem apoiar as lideranças femininas?

Com todos os desafios do histórico feminino no mercado de trabalho e também os que atravessam as mulheres na liderança, não é difícil entender porque elas desistem de cargos estratégicos e partem em busca de empresas mais inclusivas.

Para evitar que a empresa perca grandes talentos, é essencial desenvolver ações e campanhas visando a valorização das lideranças femininas e um clima organizacional que ajude ou, pelo menos, não prejudique a sua atuação.

Desenvolver políticas para a diversidade de gênero

Diversidade e inclusão são defendidas pela maioria das empresas hoje em dia, mas por qual motivo mulheres ainda são minorias em cargos de liderança? E, se pensarmos em mulheres negras ou indígenas, esse número diminui muito mais. 

Porém, através de ações como vagas exclusivas para mulheres, a adoção de linguagem neutra (que também favorece a diversidade LGBTQIA+), o pedido de currículos sem foto, entre outras medidas, é possível abrir um caminho importante para a paridade de gênero nas empresas.

Diminuir a desigualdade salarial

Infelizmente ainda é uma regra ter mulheres ganhando menos que homens, mesmo que exerçam a mesma função. Segundo o Gender Gap Report de 2022, ainda vai demorar 132 anos para que o salário entre os gêneros seja o mesmo. 

A diminuição dessa disparidade é uma grande pauta dos movimentos feministas e, sem dúvida, um grande interesse de todas as mulheres. 

Trabalhar nesse sentido aumentaria o engajamento das líderes no trabalho, além de ajudar a oferecer motivos para que elas continuem sendo inspiração para outras e outros. 

Celebrar as lideranças femininas atuais

Você já pensou em fazer uma comemoração especial para as lideranças no Mês da Mulher? Ou então oferecer bonificações, um day off ou um SPA day no escritório para mostrar como as líderes da empresa são importantes?

Ações como essa mostram não só para elas, mas para todas as equipes, como é importante valorizá-las. Nesse sentido, também vale a pena coletar dados e mostrar quais conquistas não teriam sido alcançadas sem o seu esforço. 

Fazer uma dinâmica onde as pessoas lideradas se tornam líderes e vice-versa também pode ajudar, de maneira descontraída, a conscientizar todos da importância das suas lideranças femininas.

Oferecer treinamentos e mentorias

Você já entendeu que ter mulheres na liderança e valorizá-las é muito importante, mas ter ações que incentivem colaboradoras a se tornarem líderes também é. 

Por isso, sessões de mentoria individuais ou a criação de um Programa de Trainee podem ser um grande diferencial para as futuras líderes - e sem dúvida também é um investimento na própria empresa. 

Exemplos de liderança feminina

Mulheres inspiram mulheres. E, felizmente, existem muitas ao redor do mundo cuja trajetória serve de exemplo para nós. Veja algumas:

Michelle Obama

A ex-primeira dama dos EUA também é uma advogada especializada em marketing e propriedade intelectual. Foi Reitora de Serviços Estudantis da Universidade de Chicago, chegando a atuar como Vice-Presidente da Comunidade e Negócios Externos. Seu trabalho também aconteceu nos hospitais da faculdade. 

Esse cargo mostra como ela conquistou a admiração de milhares de jovens estadunidenses e porque se manteve realizando trabalhos sociais que geraram um enorme impacto nas comunidades, especialmente nas mulheres de todo o país. 

Durante a campanha do seu marido, o ex-presidente Barack Obama, ela mediou encontros para a defesa dos direitos das mulheres. 

“Nós, mulheres, temos que investir tempo para percebermos quem somos e, depois, para gostarmos de quem somos.”

Luiza Trajano

Ela é, sem dúvida, o maior exemplo de onde uma mulher empreendedora pode chegar. Luiza é a mulher mais rica do Brasil, segundo a Forbes, é uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, de acordo com a Times

Sua maior conquista foi transformar o Magazine Luiza, uma rede de lojas que existia apenas na cidade de Franca, no interior de São Paulo, numa das gigantes do varejo brasileiro. 

Além disso, Luiza lidera o Grupo Mulheres do Brasil e já recebeu mais de 30 prêmios nacionais e internacionais. Entre eles o de Líder de Melhor Reputação do Brasil, pela consultoria espanhola Merco, e Executiva Mais Admirada, pela Reader’s Digest. 

“Quando você tem um cargo alto, as pessoas ao seu redor passam a falar apenas aquilo que você quer ouvir. Mas você só cresce quando ouve aquilo que não quer ouvir. O gestor precisa fazer um esforço para ouvir feedback negativo".

Jacinda Ardern

Jacinda foi a primeira-ministra da Nova Zelândia durante a pandemia de COVID-21 e ficou conhecida por adotar as medidas sugeridas pelos especialistas e, com isso, fazer do país o que teve menos mortes pela doença. Foram apenas 4,37 mortes por milhão de habitantes.

Ela também foi assessora do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e escolhida por unanimidade como Vice-Líder do Partido Trabalhista. 

“Para mim, liderança não significa necessariamente ser o mais barulhento na sala, mas sim ser a ponte, ou o que está faltando na discussão e tentar construir um consenso a partir daí.”

Paula Bellizia

Paula foi CEO da Microsoft Brasil, foi diretora do Burger King e atualmente é presidente da EBANX, além de fazer parte da diretoria da Globo. Também passou pela Apple e pelo Facebook.

Ela é natural de Angola, tem dois filhos e foi pragmática ao escolher desenvolver uma carreira em tecnologia, mesmo gostando muito de design gráfico. 

“Minha meta é refletir a diversidade de nossa sociedade lá dentro (Microsoft). Precisamos de uma equipe diversa para gerar mais criatividade e inovação, que irá desenvolver os produtos e serviços que o mercado precisa”.

Marta Silva

Outro grande exemplo de liderança no Brasil é o da futebolista Marta Silva. 

Marta é a jogadora com mais gols feitos pela Seleção Brasileira, superando até mesmo Neymar e Pelé. Também é a maior artilheira da história das Copas e já foi 6 vezes premiada como a melhor jogadora do mundo pela FIFA. 

Além da sua carreira no futebol, ela também é embaixadora da ONU Mulheres e, atualmente, atua como palestrante nas áreas de:

  • Motivação
  • Liderança
  • Empoderamento feminino
  • Competitividade
  • Esportes
  • Mulheres de Sucesso

“Uma sociedade moderna, próspera e equilibrada é justamente aquela que zela pelos valores de igualdade, diversidade e inclusão. Esse deveria ser o guia também para grandes empresas.”

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