Comunicação não violenta nas empresas: o papel do RH

Por

Carolina Lais

Por

Publicado em

13/12/22

A maneira com que alguém se comunica em determinado momento pode provocar guerras, mudar a realidade de países, unir pessoas ou destruir relações. Não é exagero! As palavras têm muito poder e é por isso que cada vez mais empresas estão valorizando a comunicação não violenta

No ambiente corporativo, uma abordagem de comunicação mais empática ajuda a reduzir os conflitos, melhora o clima organizacional e aumenta a produtividade dos times. Então, bora entender melhor como isso funciona?

Neste conteúdo você vai conferir os seguintes tópicos:

O que é comunicação não violenta?

A comunicação não violenta (CNV) é uma abordagem criada para pacificar as relações entre as pessoas. De modo geral, o objetivo é que, por meio de uma série de ferramentas, seja possível se comunicar de modo que a culpa, o julgamento, e a raiva, deem lugar a empatia, a honestidade e a compaixão.

Isso não significa falar apenas o que o outro quer ouvir ou jamais se posicionar criticamente em relação a alguma coisa. Muito pelo contrário!

A CNV determina que, ao invés de responder imediatamente, de forma automatizada, e sem pensar nas consequências, devemos refletir sobre o que o outro precisa e ouvir com atenção, para assim expressar de maneira objetiva e respeitosa as nossas reais necessidades. 

O conceito foi criado pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg na década de 1960 — período em que a segregação racial começava a não ser adotada por algumas instituições e escolas dos Estados Unidos.

Após anos de separação, Rosenberg sabia que a integração entre negros e brancos iria levantar uma série de desafios e criou a CNV para tentar melhorar a convivência. 

Vale dizer que as estratégias podem ser aplicadas na comunicação verbal (escrita e fala) ou não verbal (imagens, gestos, posturas).

Os 4 pilares da CNV

Para entender melhor o funcionamento da comunicação violenta, é válido conhecer os seus 4 passos básicos:

Observação

O primeiro passo é observar o que de fato está acontecendo, tentando deixar de lado a avaliação. Conscientemente, o indivíduo deve entender o contexto comunicacional sem fazer pré-julgamentos.

Sentimento

Após a análise, chega o momento de identificar e nomear os sentimentos que aquela situação desperta. Frustração? Alegria? Raiva? É fundamental expressar para o outro como realmente se sente diante do que está acontecendo.

Necessidades 

Por trás dos sentimentos existem necessidades. O que é preciso para resolver aquele conflito ou, no caso de situações positivas, manter a satisfação de todos?

Pedido

Diante de tudo o que foi analisado, construa um pedido claro. Quanto mais objetiva for a solicitação, maiores são as chances de que a outra pessoa compreenda as suas necessidades e se disponha a atendê-las.

A importância do conceito para as pessoas e empresas

Já pensou em quantos conflitos e mal-entendidos poderiam ser evitados com uma simples conversa? Não existem dúvidas de que a comunicação não violenta pode trazer melhorias na vida profissional e pessoal de qualquer ser humano

Em todos os espaços de convivência, é importante criar relações mais acolhedoras — onde seja possível criar um diálogo saudável, garantindo que todos os envolvidos possam expor os seus sentimentos e necessidades sem medo.

Mas não se trata apenas de ouvir e falar respeitosamente e com objetividade, é preciso realmente considerar a opinião do outro e tentar chegar em um acordo. Dessa forma, fica mais fácil construir relações de confiança, criar um ambiente agradável e encontrar soluções que beneficiem a todos. 

Benefícios da comunicação não violenta para as empresas

Uma comunicação eficiente é um dos pilares de uma equipe de trabalho de sucesso, concorda? A seguir, vamos detalhar os principais benefícios de incorporar a CNV na rotina da empresa.

Promove a resolução de conflitos

É natural (e positivo) que os colaboradores tenham diferentes pontos de vista e personalidades. Entretanto, assim como em qualquer ambiente, essas diferenças podem provocar conflitos. 

A boa notícia é que quando a mensagem é passada de forma mais objetiva e respeitosa, as chances de acontecerem ruídos ou mal-entendidos são menores. 

E, quando esses problemas acontecerem, a comunicação não violenta entra em ação novamente para que os envolvidos consigam expressar suas frustrações da maneira mais empática possível e favorece a resolução dos conflitos.

Melhora o clima organizacional

A CNV contribui para que os colaboradores tenham mais confiança na empresa, mais liberdade para produzir com criatividade e consigam se relacionar melhor com os colegas. 

Tudo isso faz com que o ambiente de trabalho fique mais harmônico e os funcionários mais satisfeitos com a cultura organizacional. Em outras palavras, o clima organizacional melhora.

O clima organizacional saudável, por sua vez, influencia positivamente outras taxas importantes para o RH, como o absenteísmo e o presenteísmo.

Ajuda a atrair e reter talentos

Ninguém quer trabalhar em um lugar cheio de fofocas, brigas e pessoas querendo enganar umas às outras para conseguir alavancar na carreira. 

Ao promover um ambiente de trabalho mais saudável e feliz, a comunicação não violenta se torna uma ferramenta importante para que o RH consiga atrair e reter os melhores talentos do mercado.

Além disso, como a CNV vai estar presente em todas as etapas do R&S, será mais fácil conseguir explicar adequadamente os valores, objetivos e necessidades da empresa, bem como conhecer mais a fundo os participantes. 

Dessa forma, temos mais chances de fit cultural com o profissional escolhido e de proporcionar um processo mais enriquecedor para todos os envolvidos.

Favorece a inovação 

Não adianta contratar uma equipe multidisciplinar e não construir um ambiente seguro para que cada colaborador possa expressar a sua pluralidade com segurança.

Com o uso da CNV, é mais fácil garantir que todos vão conseguir expor os seus pensamentos, bem como ouvir as opiniões dos outros funcionários, para que a equipe possa encontrar a melhor solução. Sendo assim, a comunicação não violenta ajuda a empresa a ser mais criativa, inclusiva e inovadora.

Melhora a saúde mental dos times

Um local de trabalho tóxico pode ser a principal fonte de estresse e ansiedade para a maioria das pessoas. Felizmente, o contrário também é verdadeiro. 

Um ambiente de trabalho acolhedor, em que seja possível socializar, desenvolver habilidades, exercitar a criatividade e se sentir valorizado, traz impactos positivos na saúde mental dos colaboradores.

CNV na prática no ambiente de trabalho 

Ao longo do conteúdo, já falamos bastante sobre o conceito de comunicação violenta e as suas vantagens para o ambiente corporativo.

Agora, chegou o momento de dar alguns exemplos práticos para que você compreenda melhor como aplicar a abordagem no seu cotidiano. Vamos lá?

Exemplo em conversa de feedback

O feedback é uma ferramenta de gestão importante e que deve ser aplicada com muita estratégia. Afinal, a ideia não é humilhar, constranger ou, no caso de feedbacks positivos, apenas elogiar. Feito adequadamente, o feedback pode trazer profundas melhorias e a CNV contribuir para que isso realmente aconteça. 

Veja, por exemplo, uma forma não violenta de um gestor falar com uma funcionária que sempre chega atrasada nas reuniões:

“Maria, como eu já disse, você é uma peça indispensável no nosso time e sempre aprendo muito com as nossas conversas. Mas hoje, eu preciso falar sobre algo que está me incomodando nas últimas semanas: os seus atrasos nas reuniões (observação e sentimento). Sempre temos muitas coisas para resolver e, por conta dessas demoras, tive pouco tempo para resolver as pendências com toda a equipe (necessidade). Quero te pedir para que tente estar conosco desde o início das reuniões e que me diga se eu puder fazer algo para te ajudar nesse sentido (pedido).”

Exemplo na escrita corporativa

O cuidado com a construção do discurso também deve estar presente em e-mails, avisos e demais comunicados corporativos. Mesmo em situações complexas, em que é preciso “puxar a orelha” dos funcionários, é importante evitar o tom acusatório e propor uma solução mais inteligente. Confira o exemplo que preparamos:

Queridos colaboradores,

Estamos extremamente preocupados e tristes com as mensagens deixadas nas portas dos banheiros, armários, corredores e outros locais do escritório (observação e sentimento). Respeitamos a necessidade de expressão de todos, mas também precisamos prezar pelo bom uso das nossas dependências (necessidade). Sendo assim, queremos lembrá-los de que críticas e sugestões pelos canais de comunicação da empresa, e que denúncias podem ser feitas anonimamente pelo canal de denúncia (pedido).

Desde já agradecemos a colaboração de todos.

Dicas para exercitar a CNV

Pode parecer fácil, mas não é: adotar a comunicação não violenta, seja em casa, no trabalho ou em qualquer outro ambiente, é algo extremamente desafiador. Por isso, além de se aprofundar no assunto, é preciso praticar a habilidade no dia a dia.

A seguir, veja algumas dicas de como colocar a CNV em prática no seu cotidiano:

  • evite fazer comparações ou juízos de valor — seja para inferiorizar você ou outras pessoas, isso só vai criar barreiras e dificultar a comunicação;
  • diante de um conflito de interesses ou ideias, busque pontos em comum com as outras pessoas envolvidas. As afinidades podem ser a chave para uma conversa mais respeitosa;
  • lembre-se que nem sempre quem pensa diferente de você está errado ou errada. Pratique a escuta ativa e pondere sobre a opinião do outro antes de elaborar o seu discurso;
  • evite generalizações, especialmente quando elas surgem a partir de um fator pontual;
  • se coloque no lugar da outra pessoa. Busque analisar o contexto que levou aquela pessoa a se comportar ou se comunicar daquela forma;
  • não tente esconder as suas vulnerabilidades. Não ficar na defensiva durante a comunicação ajuda a aproximar as pessoas e a promover trocas mais honestas. 
  • aposte na objetividade — expor o com honestidade o que e o porquê precisa de determinada coisa aumenta as chances de despertar a empatia do outro.

4 livros para continuar se aprofundando no assunto

A comunicação não violenta é um assunto complexo, necessário e muito interessante. Então, se você sentiu vontade de ir mais a fundo nesse tema, separamos alguns livros que vão te ajudar nisso. Confira!

1. Comunicação Não-Violenta — Marshall Rosenberg 

A obra, criada pelo próprio autor do conceito, é um manual prático e didático de como aplicar a CNV para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais.

2. Não Seja Bonzinho, Seja Real — Kelly Bryson

Ser honesto com os próprios sentimentos e conseguir expressá-los para as outras pessoas é um dos princípios básicos da CNV. Neste livro, Kelly Bryson oferece “ferramentas para a honestidade autorresponsável, não julgadora, clara e consciente”. 

3. Inteligência Emocional — Daniel Goleman

Para Daniel Goleman existem duas mentes, a racional e a emocional. Na obra o autor utiliza exemplos cotidianos para mostrar como é possível trabalhar a inteligência emocional para atingir mais sucesso em todos os âmbitos da vida.

4. Comunicação Não Violenta no trabalho: um guia prático para se comunicar com eficácia e empatia — Ike Lasater e Julie Stiles 

Voltado especificamente para comunicação não violenta no trabalho, a obra traz dicas de como e com quem praticar a CNV, além de informações sobre como superar os principais desafios dessa abordagem no mundo corporativo.

Conclusão 

Não existe uma fórmula mágica para começar a adotar a comunicação não violenta no trabalho. E, com certeza, não é possível implementá-la do dia para a noite. O mais importante é entender o conceito, a sua relevância para a construção de um ambiente de trabalho mais acolhedor e trabalhar dia a dia para incorporá-lo na cultura organizacional.

Você sabia que a comunicação não violenta é uma das habilidades do futuro e já está sendo requerida pelo mercado de trabalho? 

Aproveite para ler o nosso Guia de treinamento dos profissionais do futuro e entender como preparar os seus colaboradores para as novas necessidades do mundo.

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